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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
PRI DECLARA VITÓRIA NO MÉXICO, MAS AINDA NÃO LEVA O PODER
   
A eleição para a presidência do México pode sofrer uma reviravolta, pondo em risco a vitória de Enrique Peña Neto, candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), após suspeitas de que as eleições foram fraudadas.

O Instituto Federal Eleitoral (IFE) aceitou as denúncias de López Obrador (PRD), que ficou em segundo lugar nas votações, derrotado com uma diferença de 6,51 pontos percentuais com relação ao primeiro colocado, Enrique Peña Nieto (PRI).

A recontagem terá início a partir desta quarta-feira (4). Cerca de 55 mil urnas serão revisadas, das 143 mil instaladas em todo o país. Obrador, no entanto, considera que todas as urnas deveriam ser recontadas: "Vamos pedir que vasculhassem essas eleições e as tornem transparentes. Pelo bem da democracia e pelo bem do país, deve-se recontar todos os votos para que não haja dúvidas. Vamos seguir dentro dos trâmites legais", pediu o representante da esquerda, que diz ter provas concretas de compra de votos pelo adversário.

Na Cidade do México, o clima de desconfiança foi reforçado pelo surgimento no mercado mexicano de vale-compras - distribuídos supostamente pelo PRI de Peña Nieto. Nesta terça-feira (3), milhares de pessoas foram trocar cartões pré-pagos - supostamente distribuídos pelo PRI - em supermercados de bairros pobres da periferia da Cidade do México, aumentando as acusações de que as eleições foram marcadas por fraudes dos dois lados.

De acordo com o jornal mexicano La Jornada, a entrega dos cartões começou na sexta-feira (29) à noite, nos limites da Cidade do México e no município de Nezahualcóyotl. Os cartões eram identificados pela rede de lojas Sorina como "vale-presentes entregues pelo PRI para que Peña Nieto ganhasse".

Pela lei eleitoral promulgada em 2007, as urnas passíveis de recontagem são as que registraram uma diferença igual ou menor a 1% entre o primeiro e o segundo colocados; aquelas em que os votos nulos são maiores à diferença entre o ganhador e o segundo lugar e, ainda, as suspeitas de terem recebido cédulas com erros.

Peña Nieto obteve 38.15% dos votos, segundo a contagem preliminar oficial, enquanto López Obrador ficou com 31.64%. As denúncias foram feitas não só pelo representante do partido de esquerda, mas também pelo governista Partido Ação Nacional (PAN), cuja candidata Josefina Vázquez Mota ficou em terceiro lugar.

Alguns analistas concordam com as acusações feitas pelos rivais do PRI, de que ele pode cair na tentação de negociar com o crime organizado. "Tem aí um problema muito grave e um olhar muito atento de todos" pelas acusações de que no passado o PRI negociou com o narcotráfico, na opinião de Carlos Gallego, professor de pós-graduação de Análises de Conjuntura da UNAM.

"Estamos oferecendo estimativas, falando em termos gerais de um terço da eleição presidencial. Hoje, diferentemente de outros processos eleitorais, se houver uma única inconsistência na ata, derivada de um erro na captura (do voto), de um mesário, ou de qualquer processo de consistência da ata, isso terá que ser resolvido pelo IFE diante dos cidadãos", declarou o conselheiro do Instituto Federal Eleitoral (IFE) Alfredo Figueroa.

A situação se torna ainda mais confusa, depois que o candidato Peña Neto, contrariando as acusações de que seu partido mantinha boas relações com os traficantes, no seu discurso como presidente eleito, duas promessas de campanha tiveram um destaque especial: o combate ao narcotráfico e o reaquecimento da economia através de medidas de impacto nos setores energético e de arrecadação de impostos.

São duas promessas que se constituem em verdadeiros desafios. O combate ao narcotráfico, que já fez 55 mil vítimas e se constitui numa ameaça à própria segurança dos Estados Unidos, pode ser encarada como uma verdadeira guerra, pela audácia das ações.

A China, segundo levantamentos da Comissão de Direitos Humanos da ONU, para resolver problema semelhante, teve que fuzilar, ao longo de dez anos, 36 mil traficantes, cobrando das famílias o preço das balas gastas nas execuções. Mas mesmo assim Peña Nieto promete uma paz em curto prazo nas regiões conflagradas e não fazer qualquer pacto com os traficantes.

Para se ter uma ideia da extensão do problema, a Direção Nacional de Inteligência dos Estados Unidos considera a violência no México a prioridade máxima dentre as ameaças à segurança nacional, segundo o diretor da agência durante audiência no Congresso.

O chefe da inteligência, James Clapper, afirmou ao comitê de espionagem da Câmara que "não há dúvida de que é uma imensa preocupação para nós, não apenas pelo potencial que apresenta, mas pela violência que se espalhou pelos Estados fronteiriços norte-americanos".

Acompanhado por sua esposa, a atriz Angélica Rivera, Peña Nieto afirmou em que buscará a reconciliação e a união nacional e prometeu uma presidência "moderna e responsável". Ainda sobre o crime organizado o novo presidente afirmou que pretende adotar uma nova estratégia para reduzir a violência e proteger a vida dos mexicanos.

E que se esforçará para dar resposta às demandas legítimas da população, pedindo a unidade aos mexicanos para superar juntos os desafios que enfrenta o país. Segundo Nieto, "é momento de propiciar e encorajar a reconciliação nacional e de deixar de lado nossas diferenças e privilegiar nossas coincidências".

No que diz respeito à segunda prioridade que impulsionará uma "renovada economia de livre mercado com sentido social que gere empregos e distribua a riqueza", o novo presidente vai precisar de uma maioria no Congresso, o que já se afigura como uma primeira barreira.

Isto porque, segundo pesquisas eleitorais, a coalizão dos partidos políticos do presidente eleito não alcançaria a maioria absoluta na Câmara dos Deputados nem no Senado, A provável distribuição do próximo Congresso, que começa a trabalhar em 1o de setembro, dificultaria as reformas econômicas que Peña Nieto prometeu em campanha.

"O PRI não vai alcançar mais do que 50 por cento dos lugares na Câmara dos Deputados", disse Ciro Murayama, membro do conselho assessor de um programa de resultados eleitorais preliminares do instituto eleitoral.

Peña Nieto foi felicitado pelo presidente mexicano Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), mas o candidato esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), recusou-se a fazer qualquer pronunciamento até um anúncio oficial dos resultados da votação.

A contagem rápida, feita com base em uma amostra de 7.000 atas de registros de votos de 143 mil mesas eleitorais, costuma ser um indicador confiável dos resultados das eleições mexicanas.

De acordo com essa estimativa, Peña Nieto teria entre 37,93% e 38,55% dos votos e Obrador entre 30,09% e 31,86%. Josefina Vázquez Mota, candidata do PAN, de Calderón, teria obtido entre 25,10% e 26,03% dos votos.

A chamada "contagem rápida", divulgada pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), tem uma margem de erro de 0,5%, informou o presidente do órgão, Leonardo Valdés. Segundo ele, em mensagem em rede nacional, a participação no pleito foi superior a 62% e mais de 49 milhões de pessoas votaram. "A eleição de hoje é a que mais votos recebeu na história do México", disse.

O Partido Revolucionário Institucional (PRI) é um dos principais partidos do México que teve o poder hegemônico sobre este país entre 1929 até 2000. Todos os presidentes do México foram deste partido, até que foi derrotado nas eleições do ano de 2000 pelo candidato do Partido da Ação Nacional, Vicente Fox Quesada.

Atualmente a Secretaria Geral do partido é Beatriz Paredes. O PRI é membro da Internal Socialista. Desde 1089, o PRI governa 32 entidades federativas, número que hoje foi reduzido a 17.

A oposição ao partido, como acadêmicos e historiadores, diz que durante o poder do PRI, as eleições eram nada mais que uma simulação de uma aparente democracia. Também lembram que fraudes eleitorais, incluindo repressão e violência contra os eleitores, eram recursos utilizados pelo PRI quando o sistema político não funcionava como o partido pretendia. Em 1990, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, chamou o governo mexicano, sob o PRI, de uma "ditadura perfeita".

O PRI conservou a maioria relativa no congresso nas eleições de 2 de julho de 2006, colocando-se como a terceira maior força política do México, depois de 2000 que era a primeira maior e perdendo vários governos em estados mexicanos.



   
 
 
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