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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
MILITARIZAÇÃO DO JAPÃO E ESTRATÉGIAS PARA O ORIENTE
   
O ex-primeiro ministro japonês, Junichiro Koizumi, conseguiu aprovar duas importantes medidas durante seu mandato, com profundos reflexos nos dias atuais: modificar a Constituição do país para regularizar a existência das Forças Armadas e resistir às exigências dos outros povos asiáticos (especialmente da China e da Coréia do Sul) para que o país não mude as concessões advindas da rendição após a Segunda Guerra Mundial.

Esta análise, do professor João Fábio Bertonha Doutor em História, em um trabalho de análise da situação no Extremo Oriente, está causando polêmica pela política nitidamente expansionista que vem sendo adotada pelo governo japonês, apoiadas nas mudanças constitucionais. Desde a Segunda Guerra Mundial o Japão não tem forças militares e é o único país do mundo onde a renúncia à guerra como instrumento de política internacional está registrada na Constituição do país.

Mesmo assim, referendando as análises internacionais, uma política expansionista vem levando o país a reivindicar a posse de uma série de ilhas que, até então, eram consideradas áreas dos territórios da China, Coréia do Sul e Rússia. Com a Rússia as divergências se concentram na posse das ilhas Curilas. O ex-Chanceler japonês, SeijiMaehara criticou duramente as visitas de russos à ilha, em poder de Moscou desde a Segunda Guerra, declarando: "Territórios do Norte são parte ancestral do Japão". Os dois países não conseguiram superaras profundas divergências sobre a soberania das ilhas, em poder de Moscou desde a Segunda Guerra Mundial, embora tenham acertado normalizar suas tensas relações bilaterais.

Mas o problema maior de disputa territorial enfrentado pelo Japão é com a China, com os dois países vivendo um clima de tensão desde que os japoneses nacionalizaram as ilhas Senkaku/Diauyu (com grandes jazidas de petróleo e gás|) disputando sua soberania, o que têm provocado escaramuças e manobras militares.

Com relação à Coréia, o Japão convocou o embaixador sul-coreano em Tóquio e chamou para consultas seu diplomata em Seul depois do anúncio da chegada do presidente sul-coreano Lee Myung-bak às ilhas, para denunciar uma visita "extremamente lamentável", à uma área reivindicadas por ambos os países, em um contexto de relações bilaterais marcadas por velhas feridas coloniais.

Evidentemente, a máquina militar japonesa tem problemas enormes. Seu espaço para treinamento é tão pequeno que muitas tropas têm que treinar em território americano. Além disso, ela não tem como projetar poder nas costas asiáticas e nem controlar as vias marítimas de longa distância, dependendo do apoio dos EUA.

Por isso, pelo Tratado de Não Beligerância assinado na rendição japonesa, os Estados Unidos assumiram a responsabilidade da defesa do Japão, o que significou para o país uma economia de um trilhão de dólares por ano (montante que os americanos desembolsaram durante anos para defendê-lo), dinheiro que serviu para alavancar a economia e o desenvolvimento econômico japonês.

Durante a Guerra Fria, essa situação foi conveniente ao Japão. Mas, desde então, os Estados Unidos vinham pressionando por um maior engajamento militar japonês no mundo. O governo de YasuhiroNakasone, nos anos 80, intensificou essa tendência, mas respeitando os limites legais e mantendo a renúncia às armas nucleares.

O medo que fica no ar é que esta lenta transformação do sistema militar japonês seja a volta do velho Japão de antes da guerra, ou seja, um dos Estados mais militaristas e expansionistas que se teve notícia. China, Coréia, Filipinas e todos os países que foram afetados por este expansionismo reagem a essa possibilidade, talvez com alguma razão. As discussões sobre a revisão histórica da posse de territórios também se encaixam nessa preocupação.

Em última análise fica a suspeita de que essa onda expansionista do Japão esteja sendo estimulada pelos Estados Unidos como forma de ter uma possibilidade maior de controle da geopolítica e da economia do Extremo Oriente, com profundos reflexos nas relações com a Rússia e a China.





   
 
 
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