HomeBiblioteca/LivrosDoutrinaVídeo AulasMemória Digital
Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
FRANCISCO, UM AMIGO DOS EVANGÉLICOS
   
Ao contrário do que tem afirmado alguns vaticanistas, segundo os quais o Papa Francisco concentrará uma parte dos seus esforços na recuperação do prestígio da Igreja Católica na América Latina, aonde vem perdendo adeptos para as igrejas evangélicas, com reflexos visíveis nos seminários, na avaliação do arcebispo da cidade do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, "o crescimento de protestantes na região não influenciou escolha do Papa Argentino". A opinião do arcebispo é corroborada pela analista Andrea Madambashi, do jornal The Christian Post, quando afirma que "o Papa Francisco deve unir católicos e evangélicos, segundo esperam os líderes cristãos". No mesmo jornal Ruben Proetti, presidente da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA) disse que é amigo do Papa há 13 anos e, segundo ele, "sempre houve um bom diálogo sobre problemas em comum com as igrejas evangélicas e católica". Mas o vice-presidente da ACIERA, Gaston Bruno, afirmou que a eleição do Papa Francisco deve ter levado em conta a grande presença de católicos na América Latina, bem como o grande crescimento evangélico, acrescentando: "É claro que esta realidade pesou de um modo determinado na decisão da eleição do novo Pontífice". Para Gaston, mesmo que a nomeação de Francisco for "uma ação estratégica para fazer frente ao crescimento evangélico latino-americano, isso não deve ser uma preocupação para os evangélicos. Como cristãos de fé evangélica, deveremos seguir pregando o nosso Senhor Jesus".

A América Latina tem hoje cerca de 40% dos 1,2 bilhão de católicos do mundo, de acordo com um estudo recente divulgado pelo Pew Research Center sobre religiões ao redor do mundo. O Brasil é o país que lidera com 134 milhões de fiéis, sendo apontado como o maior país católico do mundo. Depois vem o México (96 milhões) e Colômbia (38 milhões). A Argentina está em quarto lugar com 31 milhões de católicos na região.

Apesar de ter 432 milhões de católicos, a região está vendo adeptos migrarem das igrejas católicas para igrejas evangélicas. Em 2010, eles eram 91 milhões de evangélicos do total da população de 546 milhões na região, de acordo com um estudo feito por Jason Mandry, em sua tese de mestrado, da Faculdade e Seminário Teológico Province, no Canadá. Os países com maior concentração de evangélicos são Brasil, Chile e Guatemala.

Segundo Álvaro Santos Pereira, professor da Universidade de York, atualmente a Igreja Católica enfrenta três grandes problemas. O primeiro é a concorrência das outras igrejas cristãs, que tem diminuído significativamente sua influência. Em segundo lugar, a Igreja Católica sofre de uma crise de vocações. Há cada vez menos jovens dispostos a tornarem-se padres, o que a envelhece, tornando-a mais conservadora. Para Santos Pereira "o preço do sacerdócio é demasiado elevado e exige sacrifícios, incluindo um celibato que não é exigido por outras igrejas cristãs. E ele acrescenta: "Enquanto a Igreja tinha o monopólio dos cristãos não havia problema: o preço do sacerdócio podia ser alto, mas a quantidade de padres era assegurada pela falta de concorrência. A competição com outras igrejas cristãs acabou com isso, pois um jovem cristão pode tornar-se um pastor e casar-se. O que fazer? "A Igreja Católica tem de baixar os sacrifícios do sacerdócio, quer acabando com o celibato, quer abrindo a vocação sacerdotal às mulheres ?". E o analista conclui: "Finalmente, existe a diminuição crescente do número de fiéis, por causa da crescente concorrência das outras igrejas e ao aumento do secularismo? A verdade é que a Igreja Católica enfrenta um grande problema de competitividade. Ora, o que é que se aconselha às economias com problemas deste tipo? Cortar os custos, aumentar a atratividade dos bens e serviços produzidos e se reestruturar. É exatamente isso que deve fazer a Igreja Católica: diminuir o sacrifícios do sacerdócio, acabando com o celibato e o monopólio masculino, melhorar o apelo às vocações e reestruturar sua hierarquia, tornando-a mais atrativa".

Mas, dificilmente, o novo Papa estaria disposto a adotar as medidas indicadas por Santos Pereira. Até porque vários outros líderes latino-americanos cristãos acreditam que ele será construtor de pontes ecumênicas. O cardeal Jorge Bergogliório ficou conhecido como um dos principais impulsores do diálogo ecumênico e inter-religioso na Argentina.

Ruben Proetti, presidente da ACIERA lembra ainda que, em outubro de 2012, então arcebispo, o Papa falou diante de 6.000 católicos e evangélicos no estádio Luna Park, em Buenos Aires, "Jesus esteve fundamentalmente nas ruas, andava no meio de gente e fazia o bem. Ele ainda faz isso hoje, mesmo quando nós não o reconhecemos".



   
 
 
© - 2009 www.fundacaoalvarovalle.org.br - Todos os direitos reservados
Tel.: - (61) 32029922