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Alvaro Valle
Alvaro Bastos Valle

Patrono
ESPIÃO X ESPIÃO
   
O secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Hamadoun Touré citando a pressão feita por governos de diversos países para que a espionagem por parte dos EUA seja resolvida por um acordo internacional, disse que hoje todo mundo espiona todo mundo e que o mundo já vive uma chamada guerra cibernética e que chegou a hora de um tratado de paz cibernético seja firmado entre os governos. Ele acrescentou que sabemos que todos os países estão fazendo isso." Eu conversava com um embaixador outro dia que me confessou: não sei por que estão todos surpresos diante das histórias de espionagem. Todos nós fazemos isso". Touré admitiu que nem seu próprio e-mail está seguro contra espionagens e que ele seria estúpido se achasse isso, até porque as mensagens eletrônicas do próprio diretor da agência de inteligência civil do governo norte-americano, a CIA, são invadidas. Completou que os governos devem parar de realizar essas ações e apenas uma organização internacional pode trazer a uma mesma mesa governos para debater o assunto. Os observadores internacionais são unânimes em concordar com Touré, afirmando que os governos da União Européia, a China, Israel e muitos do Oriente Médio mantem programas de espionagem similares ao PRISM.

A proposta do Brasil de que países emergentes devam participar mais dos organismos de controle e direção da internet foi aceita com sucesso pelos demais membros que participaram da Conferência Mundial de Telecomunicações Internacionais no final do ano passado, porém o projeto não evoluiu muito desde então. Agora, depois do escândalo do caso PRISM, foi retomada a proposta brasileira de tirar o controle da Internet das mãos dos Estados Unidos e o país decidiu levar a discussão para a União Internacional de Telecomunicações (UIT).

A revelação, feita pela imprensa, de que o governo dos EUA espiona telefonemas e atividade online de seus cidadãos colocou o governo americano na defensiva agravando os níveis de tensões internacionais. E aumentou a pressão para que o presidente Barack Obama explique a necessidade dessas práticas. Membros do Congresso dos EUA são rotineiramente informados sobre os programas de espionagem secreta, mas ainda não está claro quanto eles sabiam sobre a espionagem de atividade privada de internet reportada pelo "Washington Post". A Casa Branca, por sua vez, defende a coleta secreta de registros telefônicos por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), prática que o governo classifica como uma "ferramenta crítica" para a prevenção de atentados.

Mas críticos questionaram essas atividades de espionagem, reveladas inicialmente pelo jornal britânico "Guardian". Mas agitação em torno da coleta de dados de clientes de uma subsidiária da empresa de telefonia Verizon Communications aumentou depois de uma reportagem do "Washington Post" que descrevia um programa ainda mais agressivo de vigilância governamental. Para agravar o "Post" informou que a NSA e o FBI estavam explorando "diretamente" os servidores centrais de importantes empresas norte-americanas da Internet, tendo acesso a e-mails, fotos, áudios, vídeos, documentos, registros de conexão e outras informações que permitiam que analistas monitorassem movimentos e contatos de uma pessoa ao longo do tempo. Algumas das empresas citadas na reportagem como Google, Apple, Yahoo e Face book imediatamente negaram que o governo tenha tido "acesso direto" aos seus servidores centrais.

E a Microsoft disse que não participou voluntariamente de nenhuma coleta de dados governamentais, e que apenas cumpre "ordens de solicitações sobre contas ou identificadores específicos". James Clapper, diretor de inteligência nacional, falando em nome do governo, disse que a reportagem continha "numerosas imprecisões". E Kristine Coratti, porta-voz do "Washington Post", afirmou que o jornal mantém as informações publicadas, que se baseiam em um documento do NSA que o jornal publicou na Internet. Juntas, as duas notícias sugerem que a vigilância nos EUA é muito mais abrangente do que a opinião pública sabia -- embora já houvesse a suposição disseminada de que tais práticas se tornaram mais difundidas depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. O "Post" disse ainda que, o programa secreto envolvendo empresas da Internet, conhecido pelo codinome Prism e estabelecido em 2007, no governo do presidente republicano George W. Bush teve um "crescimento exponencial" nos últimos anos, já na Presidência do democrata Barack Obama.

Desde 2003, um grupo de países propõe que a organização da Internet deixe de ser controlada pelos Estados Unidos e o Brasil, que está entre os países que desejam mudar a governança da Internet, acredita que este projeto possa ganhar mais força e apoio de outros países do globo. Há décadas, quem cuida da coordenação global do sistema de identificadores exclusivos da Internet é uma entidade sem fins lucrativos subordinada ao Governo dos Estados Unidos.

A chamada "Internet Corporation for Assigned Names and Numbers" (ICANN - Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet), é responsável pela alocação do espaço de endereços de Protocolos da Internet (IP), pela atribuição de identificadores de protocolos, pela administração do sistema de domínios de primeiro nível, tanto genéricos (gTLDs) quanto com códigos de países (ccTLDs), e também pelas funções de gerenciamento do sistema de servidores raízes. Apesar de o conselho administrador da ICANN ser formado por representantes de vários países, quem tem a palavra final sobre alterações nos servidores raízes da Internet é o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. "Achamos que é saudável haver uma democratização no gerenciamento da Internet e isso pode ser agora objeto de uma discussão multilateral", afirmou o embaixador Tovar Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, de acordo com informações da revista Info. Até agora, os países interessados em tirar o poder da Internet das mãos dos norte-americanos não tiveram muito sucesso em seu projeto, mas, dessa vez, o Brasil quer levar a discussão para a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Vale ressaltar que não existe nenhum vínculo aparente entre a espionagem do governo dos Estados Unidos e o trabalho da ICANN, mas esse pode ser um fator chave para que países europeus entrem no debate sobre o tema.

Na Europa uma rede de ciber-espionagem sofisticada visando governos, o mundo diplomático e agências de pesquisa, bem como indústrias de gás e petróleo, foi descoberta por especialistas da Kaspersky Lab da Rússia. Os alvos do sistema incluem uma ampla gama de países, com o foco principal na Europa Oriental, ex-repúblicas soviética e da Ásia Central - embora muitos na Europa Ocidental e América do Norte também estão na lista.

A maioria dos ataques é dirigida, na verdade, às embaixadas dos membros de países da ex-URSS localizadas em várias regiões, como a Europa Ocidental e até mesmo na América do Norte. Vitaly Kamluk, especialista chefe da Kasperky Lab, disse que na Europa, os países mais atingidos são aparentemente Bélgica e Suíça. Além de atacar estações de trabalho de computadores tradicionais, 'Rocra' (o nome que equipe Kaspersky deu à rede) pode roubar dados de smartphones, configurações de despejo de equipamentos de rede, digitalizar em bases de dados de e-mail e servidores de rede locais, e roubar arquivos de discos removíveis, incluindo aqueles que foram apagados. Ao contrário de outras bem conhecidas e altamente automatizadas campanhas de ciber espionagem , como "Chama" e "Gauss," os ataques da Rorca de todos parece ser o mais cuidadosamente escolhido. Os hackers que controlam a rede criaram mais de 60 nomes de domínio e os locais de hospedagem de servidores ficam em diversos e diferentes países - a maioria das pessoas sabem que estes estão na Alemanha e Rússia e que trabalharam com proxies para esconder a localização do servidor da 'nave-mãe' de controle. Muitos dos ataques conhecidos ocorreram em países de língua russa.

Enquanto isso o Pentágono planeja reforçar em 544% o quadro de especialistas para o combate a crescentes ameaças contra as redes de computadores do governo dos Estados Unidos, nos próximos anos, e para conduzir operações ofensivas contra inimigos externos, segundo um dirigente do setor de defesa norte-americano,. O plano, que ampliaria consideravelmente os quadros militares e civis do Comando Cibernético dos EUA, surge no momento em que o órgão está promovendo o novo comando a um patamar semelhante a um dos mais importantes comandos de combate do país. O funcionário afirmou que não haviam sido tomadas decisões formais sobre a expansão dos efetivos ou a transformação do Comando Cibernético em comando unificado com o Comando Estratégico que orienta o Comando Cibernético e controla o arsenal nuclear dos EUA. Segundo o Washington Post funcionários importantes do Pentágono haviam chegado a um acordo quanto à necessidade de expandir a força no final do ano passado devido a uma série de ataques, entre os quais, uma invasão que apagou as memórias de mais de 30 mil computadores em uma companhia estatal de petróleo da Arábia Saudita.



   
 
 
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